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PRODUÇÃO DE CORDEIROS A CAMPO  

A ovinocultura no Rio Grande no Sul, até o início da década de 80 era muito forte e altamente rentável. A valorização da lã em dólar sustentava todo custo das estâncias e ainda sobrava recurso para os demais investimentos necessários, a propriedade e ao lazer do produtor. Com a chegada do produto sintético a ovinocultura entrou em decadência e na quebra do setor ovelheiro por muito tempo. A lã não mais pagava nem o custo anual do rebanho e o consumo da carne não mantinha o setor por ter excesso de oferta no mercado. Com o passar dos anos, devido a drástica diminuição dos rebanhos a carne foi agregando valor, e mais adiante o ovino de lã novamente começou a reagir, principalmente as lãs finas, como as raças Merino Australiano e Ideal, e a lã de ovino de duplo fim como da raça Corriedale teve também uma melhor remuneração, mas ainda muito longe do que já foi um dia, porém a carne tem alta procura, pois tudo o que produzimos o mercado consome e pede mais.

Aqui no município de Rio Grande, na localidade dos Carreiros trabalho com ovinos da raça Corriedale. O plantel é composto por 44 ovelhas (29 adultas e 15 borregas), o carneiro é de origem das melhores linhagens do Uruguai, adquirido na Feira de ovinos meia lã no município de Herval.

A propriedade é constituída de banhados e várzeas, com pastagem nativa, formada por leguminosas como o pega-pega (Desmodium incanum), trevo-nativo e babosa-do-campo dentre outras 150 espécies e em torno de 450 espécies de gramíneas de inverno e verão na região do Pampa Gaúcho. Trabalhamos com ovinos totalmente a campo em extensão, apenas com mineralização em cocho coberto, utilizando sal mineral de fabricação gaúcha, que tenha preço justo, mas em primeiro lugar valorizamos a qualidade do produto, de forma que tenhamos a possibilidade da garantir resultado satisfatório. O primeiro passo é a divisão em 2 potreiros, com troca a cada 30 dias aproximadamente e pastoreio consorciado com bovinos de sobre ano a 2 anos e equinos de todas idades, e os potreiros com lotação de carga animal ajustada a sua capacidade.

Segundo passo, é um bom manejo sanitário, com controle de verminose e dosificação estratégica fazendo inspeções quinzenais no rebanho, além do banho anual contra a piolheira ovina que é obrigatória pela Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul entre janeiro e março. Entre os meses de setembro e outubro, fizemos a vacinação contra o clostridiose e carbúnculo hemático.

Da parte reprodutiva, o carneiro tem um potreiro em pastoreio consorciado com equinos adultos. A época de acasalamento de 2020 foi de 25 de fevereiro a 15 de abril, sendo utilizado a técnica de reprodução, em encarneirar na mangueira somente a noite e durante o dia descanso no potreiro, o que nos resultou em 91% de prenhes, enquanto que as ovelhas falhadas serão destinadas ao consumo da propriedade.

A parição foi de 108 %, tendo 3 casos de parto gemelar, as mortes foram as seguintes: natimorto 01, morte pós nascimento 02, morte por acidente 01. O resultado da produção foi de 55 % macho e 45 % fêmea.

A castração e descola foi feita 15 dias após nascimento, a esquila do rebanho adulto será entre 15 de outubro a 15 de novembro conforme a apresentação climática do ano corrente, os cordeiros não são esquilados, e as cordeiras em janeiro do próximo ano, a previsão de desmame em torno de 15 a 20 de dezembro, em que as cordeiras e os cordeiros são destinados a outro potreiro reservado, utilizando o mesmo manejo sanitário citado acima, sempre com as revisões periódicas no rebanho. A previsão de abate dos cordeiros será entre março e abril do ano seguinte, com aproximadamente 35 a 40 kg de peso vivo e as borregas são destinadas a reprodução, para incrementar o plantel e reposição das ovelhas que falharam no ano anterior.

Nosso objetivo é em 4 anos chegar em torno de 160 ovelhas de cria, buscando a padronização do rebanho, utilizando a melhor genética Corriedale e buscando o melhoramento da lã, que possibilitará preço diferenciado pela qualidade da produção.

Técnico Agrícola Glauber Guerreiro